CUSTO ECONÔMICO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO
Já definimos ACIDENTE DE TRÂNSITO como evento
inesperado, ocorrido durante a movimentação e imobilização de veículo e suas
cargas, pessoas e animais nas vias terrestres, causando danos pessoais, danos
materiais ou ambos. Ocorre que, além de ser um evento
indesejável que causa mortes e prejuízos diretos, as responsabilidades cíveis e
criminais são muito maiores do que se possa imaginar.
Com número
superior a 700 mil eventos ao ano e mais de 30 mil mortes contabilizadas, os
casos envolvendo acidentes de trânsito movimentam, no Brasil, uma parcela
significativa dos processos judicializados. Das mais de 115 milhões de ações em
curso, 5% delas têm alguma relação a sinistros automotivos e similares. São
quase 6 milhões de casos, mobilizando mais de 350 bilhões de reais, algo
próximo ao PIB do Uruguai.
Este custo
atinge, muito além do cidadão, toda a cadeia produtiva. Todo o setor de
transporte tem suas ações contenciosas contabilizadas como custos inerentes de
sua atividade. Envolvendo transportadoras, empresas de transporte de
passageiros, locadoras, concessionárias de rodovias, poder público, todos que
operam com veículos e utilizam as vias terrestres acabam envolvidos em algum
acidente com perdas de vidas e valores financeiros. Os pedidos são variados,
centrando-se em indenizações pesadas por perdas de vidas, danos materiais e
morais. Também é significativa a parcela de ações que buscam a
responsabilização criminal de eventos, podendo envolver, além dos condutores,
os responsáveis pela empresa e superiores do funcionário envolvido.
Também as
seguradoras são envolvidas. Atividades que contém risco buscam garantia de
funcionamento sem prejuízos inesperados advindos de acidentes. A cobertura
securitária movimenta milhões em prêmios e indenizações. Por isso, há muitos
casos envolvendo discussões de valores no judiciário. As fraudes e negativas de
indenização são comuns e amplamente judicializadas.
As montadoras
e concessionárias de veículos compõem outro setor amplamente envolvido em
demandas relativas a acidentes e fatos correlatos. O veículo é um dos pilares
do evento acidente de trânsito. Nada mais natural que questionar a sua
responsabilidade. Defeitos de fabricação e manutenção também são causas comuns
de acidentes com prejuízos e mortes e envolvem processos de indenizações
milionárias. O trabalho preventivo, através de “recalls”, é amplamente
difundido, gerando milhões em custos, mas ainda assim não elide a totalmente
reponsabilidade civil e criminal das empresas.
A litigância
em eventos de trânsito acarreta excessivas demandas ao judiciário. A maior
parte das grandes cidades já possui, inclusive, varas especializadas no
assunto. Muitos escritórios jurídicos também buscam aprimorar sua qualificação
no atendimento a vítimas de processos de trânsito. Há todo um conhecimento
específico e leis sobre a matéria, regrando tanto o comportamento como as
punições.
Inclusive,
estes casos demandam cooperação e análise do setor de engenharia. Acidentes
são, normalmente, atendidos pelo poder público, gerando boletins de ocorrência,
que, muitas vezes, não explicam os acidentes com precisão e coerência. As
responsabilidades ficam “ocultadas” com situações e provas que desaparecem
rapidamente com o tempo. Nestes casos, a perícia técnica é de vital
importância. Profissionais capacitados e treinados conseguem promover a
reconstituição dos acidentes. Estes peritos, auxiliares da justiça, devem
elucidar os fatos e definir, com comprovação científica, as responsabilidades
de cada envolvido, sob o ponto de vista técnico, o que é fundamental para que o
operador jurídico possa definir a responsabilidade legal de cada um e aplicar a
Lei.
Dentro do
setor produtivo, o contencioso relativo aos sinistros de trânsito chega a gerar
um custo de quase 10% do PIB do setor. A judicialização de contendas onera toda
a cadeia produtiva e é, certamente, uma parcelas muito significativas. Para o
seu atendimento, torna-se, inclusive, um custo fixo, tanto pela indenização
como pela manutenção dos departamentos jurídicos e técnicos. Estes valores são
certamente incorporados ao custo final do produto. Por este motivo, os setores
industrial e de serviços estão se atentando cada vez mais à prevenção e
preservação de provas em caso de acidente. Atualmente, protocolos e assessoria
técnica especializada fazem parte, do processo produtivo, procurando
minimizar riscos e custos do evento
acidente na cadeia produtiva.
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