quarta-feira, 26 de junho de 2024

 

 ENGENHARIA JURÍDICA

 

       No final dos anos 90, eu costumava fazer uma pergunta embaraçosa aos meus alunos de engenharia do último ano: o que é engenharia? Profissionais quase formados não tinham noção do que era sua futura profissão. Do instigante exercício saía uma definição aceitável:

“Profissão que aplica com metodologia cientifica conhecimentos exatos, naturais e humanos abrangidos pelo Estado da Arte para utilização econômica de recursos na solução de problemas e benefício do ser humano.”

     Aos advogados a pergunta geraria algo semelhante a:

“Profissão que aplica conhecimentos das leis, decisões judiciais, teorias jurídicas abrangidos pelo Direito para defesa dos interesses das pessoas.”

Mas a pergunta do momento é: “O que é Engenharia Jurídica?”

Primeiramente vamos observar o quão semelhantes são as profissões de engenheiro e advogado. Ambos são profissionais que dominam uma área abrangente de conhecimentos e a aplicam de forma prática para resolver problemas ou demanda de pessoas.

 



A Advocacia em seus primórdios operava de forma oral e escrita. Hoje, com a revolução digital, a atuação jurídica já demanda uma abordagem multimídia. As leis e suas aplicações, teses e jurisprudências crescem exponencialmente, demandando mais estudo, esforço e organização por parte do operador de direito. Da mesma forma, a complexidade técnica das demandas e, consequentemente de suas teses e defesas, está cada vez maior. Por esta porta, a engenharia adentrou e cresceu dentro da área jurídica.

 Eventos de interesse legal, como crimes, acidentes e similares, necessitam do esclarecimento técnico para correta aplicação do direito. A Engenharia Forense é área de atuação deste profissional. Utilizando o conhecimento científico, atua diretamente sobre cenários de crime, acidente e indícios, produzindo provas técnicas e preservando a cadeia de custódia para inquéritos e processos.

 Já dentro do processo, a matéria seguidamente envolve questões técnicas que extrapolam a capacidade do julgador. A perícia judicial envolve o profissional com conhecimento capaz de traduzir a complexidade técnica para a cognição do leigo. A Engenharia Legal expande a atuação meramente forense do engenheiro para uma atuação mais dinâmica dentro do processo legal. Esta atuação é formal e sempre a luz do contraditório. O profissional atua sob o manto do Juiz ou ainda com assistente das partes. Neste aspecto, existe uma sinergia entre o assistente e o profissional de direito, que passam a trabalhar conjuntamente nos interesses da parte.

 O crescimento e aprimoramento da relação entre o Profissional Jurídico e o Profissional de Engenharia criou um novo ramo. A Engenharia Jurídica engloba, além da forense e legal, a atuação direta do engenheiro dentro do universo da advocacia. A advocacia moderna demanda conhecimento técnico avançado, além do domínio das informações. O engenheiro que atua na área de direito, além dos conhecimentos forenses e legais, opera na organização das informações e conhecimentos jurídicos em forma de protocolos e algoritmos de tecnologia de informação com o objetivo de sistematizar o trabalho do profissional de direito.

 A Engenharia Jurídica não veio para substituir o Advogado, mas sim para acrescentar, a este, ferramentas de Inteligência Protocolar Humana. Ao contrário da Inteligência Artificial que chegou propondo substituir o homem, o Engenheiro Jurídico é um parceiro que veio para, através de algoritmos técnicos, potencializar a atuação do Advogado. É a era do advogado de jaleco.

 

 

 

 

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